domingo, 23 de agosto de 2009

Só um sentimento(ou vários)

Hoje, 23 de agosto, tivemos uma reunião muito proveitosa, onde discutimos vários detalhes, tanto do documentário quanto das mídias de apoio, como esse blog, o nosso twitter e algumas outras coisas que brevemente aparecerão. Conversamos muito sobre o roteiro do doc., assistimos aos vídeos das filmagens do jogo de terça-feira(19), descrito pelo caro João Daniel no post anterior(o qual posso dizer estar muito bem escrito), escolhemos cenas importantes e com força suficiente para transmitir o nosso objetivo.

Confesso ter sido um dia muito agradável, estar reunido com pessoas que fazem de um projeto sem grandes pretensões algo tão forte e único. Poder ouvir a trilha sonora, sendo produzida por Davi Lara, me enriqueceu de um sentimento muito grandioso em relação a identidade do projeto, faixas autorais e riquíssimas. O envolvimento de todos tem sido uma das coisas mais fascinantes, poder ver pessoas trabalhando junto para que uma vontade ganhe vida, é gratificante.

Esse post é só um pouco do meu sentimento de poder fazer parte da equipe, espero continuar ajudando muito e transformando o documentário Tôro Sessenta e Nove num projeto cada vez mais vivo.

Abraços

Autor: Caio Augusto

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um dia de filmagem

Terça-feira, dia 19 de agosto de 2009. Eu – João Daniel – Adson e Ederval estávamos prontos para mais um dia de filmagem – estamos, enfim, começando a gravar. O que nos afigurava-se algo um tanto quanto simples, prático e objetivo, se tornou num verdadeiro chafariz de problemas. Nunca, em momento algum da pré-produção, se passou pelas nossas cabeças que estaríamos diante de tantos imprevistos.

Ao final do dia, Ederval proferiu uma reflexão certeira: o dia foi cansativo e ocorreram fatos lamentáveis (alguns até irreversíveis), mas tudo isso serviu para nós como uma lição. A partir de agora, podemos considerar que estamos meio que isentos, não dos problemas, mas da idéia de que não teríamos problemas.

Eu poderia transformar esse texto numa crônica cômica, elencando as pequenas tragédias pelas quais passamos, como o fato de que tivemos de ir a um salão de beleza pegar uma chave de fenda para tentar consertar um spot de luz ou ao mais hilário ainda fato de que não pude ficar na beira do campo para ajudar na filmagem porque, pasmem!, eu estava de bermuda. Mas devo falar mais, ainda que brevemente, sobre a experiência de operar uma filmadora digital – algo que, por Deus, é dificílimo.

O dia era de jogo do Fluminense de Feira atual. Fluminense X Tupi, jogo de ida. Pretendíamos filmar não só o jogo, mas a preleção, os bastidores no vestiário e no CT e os eufóricos estímulos de todos para todos, como os abraços de urso, as rezas de pai-nosso, os xingamentos aos mineiros do Tupi e os xingamentos ao nada, utilizados apenas pelo próprio prazer de xingar. Logo de cara já tivemos um empecilho: o treinador não queria filmagens, pois não queria que os jogadores se desconcentrassem. A postura dele era compreensível, mas fizemos questão de tentar filmar, e argumentamos que não éramos imprensa, que não divulgaríamos o material na mídia ou coisa parecida.

A partir daí surgiram problemas de transporte e de comunicação, mas não desistimos da nossa empreitada. A única coisa que nos faria parar era a Natureza: se chovesse, não filmaríamos. Não choveu.

O primeiro tempo terminou de 0 a 0. A filmagem foi feita lá no campo, atrás do gol, em vários ângulos (vale lembrar que nosso documentário fala da campanha de 69, mas temos a pretensão de alternar as fotos e registros visuais e radiofônicos da época com imagens atuais, apenas para ilustrar). No segundo tempo, Eder e Adson subiram para a platéia e pude acompanha-los (ainda contamos com a presença ilustre do camarada Uyatã, que ajudou a equipe); porém, em poucos minutos, o Tupi fez um gol. Era 1 a 0, e a torcida esmorecia, enquanto as imagens iam ficando cada vez menos empolgantes. Só no final do jogo é que o Fluminense viria empatar, e a torcida organizada Falange Tricolor vibraria com paixão novamente. Filmamos tudo.

A experiência de filmar as pessoas é incrível. A presença de uma câmera daquele tamanho intimidava os torcedores, mas não no sentido de retraí-los, e sim de imbuí-los em atributos que provavelmente não são comuns em suas respectivas personalidades. Estou querendo dizer que todos se tornavam mais amigáveis, queriam ajudar, queriam ser úteis (e se portavam de uma maneira que provavelmente não era a mesma que adotavam no seu dia-a-dia). Se pedíamos pra sair da frente, saíam; se pedíamos pra gritar mais, gritavam; se pedíamos pra fazer algum número ensaiado, faziam. Em certo momento, peguei a filmadora e estava pensando num ângulo interessante enquanto olhava os torcedores frenéticos acima de mim. Adson me interpretou erroneamente: achou que eu estava receoso de subir no meio do povo com aquela câmera profissional recém-adquirida (ah: a câmera é de Murilo, também da equipe) e disse “Pode subir, não tenha medo”. Um dos torcedores ouviu, e veio me “encorajar” também: disse que eu podia avançar, que ninguém ia morder, e começou a falar com todos para sair da frente, para abrir espaço, para fazer bonito frente à câmera.

Naturalmente, a maioria das pessoas era movida pela vaidade – não foram poucos os que perguntavam se ia “sair na Globo amanhã”. Mas havia, dentro de todos aqueles corpos, uma harmonia, um desejo único de fazer algo bonito, algo que valesse a pena, e o mais importante: que isso fosse feito coletivamente. Quando terminou o jogo e desligamos a câmera, várias pessoas vieram nos perguntar o que é que estávamos fazendo. E vimos Ederval e Adson, os idealizadores do projeto, se deleitando em explicar a todos, sem discriminação, que estávamos produzindo um documentário sobre o Fluminense de Feira. Curiosamente, todos, sem exceção, perguntaram se a gente era de Feira “mesmo”. Alguns chegaram a comentar: “Até que enfim estão fazendo alguma coisa ‘assim’ pelo time”. E essa reação está, afinal, diretamente ligada ao nosso objetivo: despertar na população feirense esse sentimento de que sim, existem pessoas que estão preocupadas em resgatar a memória e a cultura local e que sim, mais ainda, é notório e louvável o fato de que tudo isso só poderia ser realizado em conjunto com os próprios habitantes daqui. Porque nada irá substituir a imagem de um líder de torcida puxando um coro com a voz já terrivelmente rouca ou um torcedor indignado gritando para um jogador: “Você é um v**** mermo, seu corno.”

Autor: João Daniel

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Samba e Futebol

O projeto do nosso documentário, como os senhores talvez já saibam, inclui uma trilha original. A produção da trilha sonora, assim como o vídeo, se dá, basicamente, em duas fases: primeira, a gravação; e a posterior edição (em concomitância à edição do filme), para a sincronização de música e vídeo. Detenhamo-nos na primeira fase. A gravação dos temas do Tôro Sessenta e Nove pode ser entendida como uma produção dentro de uma outra maior. Em mania de sistematicidade, subdividi-a em três etapas: a primeira, silenciosa, a da composição, foi cumprida no prazo estipulado; já temos as três canções (esperamos disponibilizá-las, o quanto antes, aqui no blog) que se desdobrarão ao longo dos ensaios, — a segunda etapa —, e, para finalizar, teremos a gravação em estúdio.

Estamos na segunda etapa que teve seu ponto de partida numa quarta-feira, dia de jogo. Dinho, dono da casa onde se realizaria o ensaio, chamou atenção pra esse embaraço. Eu joguei a culpa em Bernardo, nosso violonista. E Dinho, sinceramente conformado, acedeu. Trocamos o futebol pelo samba.

Dinho e Bernardo integram o chorinho Amigos do Aruá que se apresenta toda sexta no Antiquário. A presença desses músicos traz o garbo descontraído do choro para o documentário. Somado o meu violão, aí está o nosso naipe de cordas completo. Bernardo toca ao modo dos antigos, ferindo secamente as cordas mais graves do instumento donde sobejam aqueles ataviados bordões. Do bandolim de Dinho já pingaram solos que perpassaram gerações. Sua companhia, sua experiência, são inspiradoras. No ensaio, ele foi um capítulo à parte.

Falou-nos um pouco da sua carreira: foi músico integrante do trio Tapajós nos anos oitenta, já tocou com músicos como Armandinho, Luiz Caldas; com Gilberto Gil não tocou, pois o mestre, quando jovem, não se sentia à vontade com acompanhamento. A conversa se desenvolvia, intercalando as passagem de som, no clima agradável do estúdio no andar de cima de sua casa.
Ederval Fernandes, o mais pluriapto integrante da produção, cumprindo sua função de produtor musical, também estava presente, ritmando com o pandeiro.

Em breve teremos toda a banda reunida (que inclui ainda um percussionista e um tecladista). À medida que os ensaios tiverem prosseguimento, atualizo o blog.

Até mais ver.

Autor: Davi Lara

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nova marca

O Projeto agora de marca nova e definitiva, traz uma identidade única ao documentário. Simbolicamente a marca faz uma referência a um Touro com as cores do Flu, além de transmitir a passagem de uma película, associando diretamente ao filme.

Com essa nova cara, damos mais um passo para que o esforço de resgatar a história feirense seja ainda mais válido.

Espero que gostem da nova marca e das pequenas modificações no blog.
Abraços.

Autor: Caio Augusto

domingo, 19 de julho de 2009

Entrevista na Princesa FM, programa Bom Dia Feira, de Dilson Barbosa - 18/07/09

Dilson Barbosa e as mãos de Adson, de um lado, e de Itajaí, do outro

Logo após a nota de divulgação do documentário Tôro Sessenta e Nove ter sido enviada à parte da imprensa local, nossa produção foi convidada a participar do programa Bom Dia Feira, de Dilson Barbosa, na Princesa FM, para falar mais sobre o projeto.

Chegamos lá por volta das 20 pras 7 da manhã deste último sábado, Adson e eu.

Fomos muito bem recebidos pela equipe de Dilson. Uma pena não lembrar o nome da moça muito simpática com voz de veludo, com quem conversei rapidamente sobre o show de Caetano (que não fui) e do estagiário engraçado que lia as chamadas internacionais. Só lembro mesmo de Itajaí, o filho, por motivos óbvios. Mas deixo aqui minha gratidão a todos.

Como foi a minha primeira vez em um estúdio, deixei que Adson assumisse as rédeas da entrevista, afinal ele já trabalhara numa rádio em Itabuna, estava mais habituado ao troço. E não se saiu mal. Como também, do pouco que falei, não me envergonho (muito).

Esquecemos coisas pontuais, é verdade, muito pelo nervosismo, mas o essencial foi dito. Falamos dos apoios, do blog, da necessidade que a produção tem de arquivos da época do campeonato, e, é claro, falamos do projeto em si, de sua relevância e pertinência para a cidade.

Adson foi bem severo ao dizer que Feira não possuía quase nada com que a sua população pudesse se orgulhar, daí o documentário querer resgatar e projetar para as novas gerações este trecho importante da história feirense, que é o bicampeonato estadual de um equipe do interior, inédito até hoje. De certa forma, até concordo com ele, mas por outro viés: pra mim a população feirense quase nada possui para que sua terra possa se orgulhar. O documentário surge como uma tentativa de reparação deste pecado.

Dilson realmente gostou do projeto, não fez qualquer restrição em ser um dos entrevistados. Como ele e Itajaí (o pai) acompanharam de perto o campeonato de 69, impossível não chamá-los. Agora só falta Itajaí aceitar.

Dilson também nos prometeu alguns arquivos da época, inclusive um filme em 20mm com imagens de jogos do Fluminense e do dia em que Pelé esteve aqui em Feira, nos anos 70.

Não foi possível agora, porque é preciso editá-lo, mas em breve colocaremos aqui um vídeo caseiro com Dilson contando a história do dia que o garoto Zico foi dispensado pelo Fluminense de Feira por causa do seu porte atlético de alfinete.

Essa vocês não sabiam. Nem eu.

Tenham uma boa noite.

Autor: Ederval Fernandes